terça-feira, 24 de junho de 2008

Criança,

Rodoviária Conceição da Barra

- O que que é isso aí no seu nariz?
- É um brinco!
- Mas no nariz? Posso colocar a mão?
- Pode sim. Quantos anos você tem?
- Quatro! Você quer?
- É chips?
- É sim! Mas te dou um só.
- Não, obrigada. Eu gosto de fruta. Você tem fruta aí?
- Fruta? Fruta eu não tenho não.
- Ah, que pena.
- Olha, a minha mala é maior do que a sua!
- E você é menor do que eu!
- Deixa eu te mostrar o que tem aqui.
- Não precisa não. Olha o seu pai, não quer que você abra a mala. Vai bagunçar tudo!
- Ah, outro dia eu te mostro então... Seu piercing não dói não? Que estranho.
- Não dói, não. Você tá indo pra onde?
- Não sei, papai que sabe. Seu pai te deixou furar o nariz? Vai inflamar!
- Meu pai deixou, mas só depois de muita conversa e da promessa que cuidaria bem do meu furinho.
- Ah, bom.
- Seu ônibus já tá saindo. Olha seu pai te chamando! Boa viagem!
- Vem também! Já tá na hora!! Você não vem nesse não?
- Nesse não. Tô voltando.
- Voltando pra onde?
- Tô voltando pra casa.

E elas nunca mais voltariam a se encontrar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nesse texto dá pra tirar uma boa moral...
Nunca devemos perder nossas oportunidades de criar novas amizades, cultiva-las, tendo um objetivo maior que é o de ENSINO àqueles que estão procurando por algo...e assim o mundo irá evoluir..claro que sempre quando elas se separam há um imenso sentimento de saudades, mas nada que uma oração não faça estas almas continuarem no caminho certo, pois Deus mostrará, e às iluminará de fé.