terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Feliz 2009,

Coração disparado. Mesa posta. Toalhas brancas, guardanapos brancos, roupas brancas. Sentia-se realizada após um ano de muito trabalho e dedicação àquela família. Nos últimos 5 minutos de 2008, estavam ali, todos eles em círculo, de mãos dadas, se entreolhando com carinho e orando por um ano tranqüilo, repleto de paz e saúde e, se não fosse pedir muito, disse o velho, “que Deus se lembre também da prosperidade, através do sucesso nos negócios”. Recomeçar junto.
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Coração disparado. Pés na areia. Faltavam 5 minutos apenas e seu maior desejo, naquele momento, era chegar à praia antes da virada. Queria molhar as mãos, o rosto, os pés e a alma. Para ela, nunca a água havia possuído tantos significados: renovação, limpeza, purificação. Ela não usava relógio e não precisava. Ali, o tempo parecia mero espectador da esperança. Um simples pretexto para reacreditar, ter Fé e forças para continuar em frente. Enfim na beira do mar, abriu os braços e num suspiro, deixou que o ar invadisse seu peito, carregando consigo cheiros, emoções, sentimentos, pessoas, desejos e sonhos. Todos e tudo para dentro de si. Recomeçar por fora.
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Coração disparado. Jovens e adultos, a maioria desconhecidos. Open bar. Barulho, confusão, música alta. Amor para dar e vender. Os últimos 5 minutos eram dedicados a encontrar rostos conhecidos – tarefa difícil essa. Mas, tudo bem, “abraçarei qualquer um que estiver à minha frente”, pensou ele decidido a enfrentar mais uma vez aquela multidão de pessoas que insistiam em permanecer no seu caminho, atrapalhando as passagens, rindo e conversando exatamente nas portas que davam acesso à varanda. “Abraçarei qualquer um, sim, caso não encontre ninguém. Mas aqui dentro já é demais”. Recomeçar só.
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Coração disparado. Faltavam 5 minutos apenas e o único sinal que seu corpo dava era aquela palpitação mais fora de hora. Sem qualquer sentimento de renovação, vida nova ou esperanças realimentadas. Nada disso. Hoje seria um dia como outro qualquer. Ser o último de 2008 não lhe daria nenhum ar de superioridade. Diante da enorme janela de seu quarto, correu para fechar as cortinas e terminar por completar sua escuridão. Não queria ver a passagem do ano, os fogos, as comemorações. Queria tempo para se ouvir. Sozinho. Recomeçar por dentro.
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Passada a tão esperada hora, ninguém notou os primeiros 5 minutos do ano. Mas os corações já estavam tranquilizados. E tudo já havia recomeçado.