sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Estar só.

Agora à noite, enquanto descanso meus braços na janela e permito ao vento recortar meus cabelos, olhos e lábios, vejo a vida se refazendo após um dia de trabalho. As luzes pequenas e distantes, de um brilho esvaído e quase silencioso, bordam histórias que não são minhas.

Através daquelas janelas, do meu lado cru, real, calado, ouso sair para embarcar em emoções que já não posso sentir. Imóvel, permaneço imersa em pensamentos anestésicos, espelhos de um mundo cão que não me deixa respirar. Passo horas assim, imaginando - por ventura - qual a força capaz de me tirar a letargia. Cansada de tantas aventuras alheias e ausências (im)próprias, me ajeito calmamente por entre a cortina entreaberta e por ali continuo, a observar as luzes que se acendem. E se apagam.